terça-feira, 29 de maio de 2012

Barca das Letras em Fortalezinha: alegrias, leituras, livros ao som de muito carimbó pau e corda

A Barca das Letras adverte: amado leitor, este texto ainda está em construção, assim como seu autor, o Jonas Banhos... Contamos com sua sensibilização e boa leitura!!! 





http://campanhacarimbo.blogspot.com.br/


Estamos de volta galera de mais uma mochilada cultural. Foi simplesmente encantador a Barca das Letras na Comunidade Fortalezinha, localizada na Ilha de Maiandeua, na Área de Proteção Ambiental Algodoal-Maiandeua, no município Maracanã, no Pará.  A vivência na comunidade formada, essencialmente, por pescadores artesanais, começou a ser construída em dezembro de 2011, em Santarém Novo, durante o Festival de Carimbó da Irmandade de São Benedito, onde a Barca das Letras esteve em ação cultural a convite de Isaac Loureiro, um dos coordenadores da Irmandade e também da exitosa Campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro. Isaac fez questão de levar as crianças integrantes do Grupo Mirim de Carimbó do Tio Milico, bem como seu coordenador, o jovem músico Manoel Preto, para que conhecessem e vivenciassem por um período a Barca das Letras.

E foi desse contato orgânico, desse encontro, dessa vivência, que surgiu o desejo e o convite de/para visitar a comunidade de Fortalezinha, o Espaço Cidadão Tio Milico e assim conhecer de perto todas as crianças que frequentam o espaço para aprender e vivenciar a cultura popular feita na Ilha de Maiandeua , cheia de (en)cantos de carimbó. Então, em abril de 2012, logo depois da Barca das Letras retornar de Ourém, estivemos reunidos com Isaac e Preto em Belém para planejarmos e selarmos nossa mochilada em Fortalezinha.

Para que a ação tivesse êxito, começamos a mobilizar os amigos e doares da Barca das Letras para a campanha de arrecadação de livros, tanto nas redes sociais, quanto nas praças públicas e ruas, de Belém e Brasília, para levarmos tudo para distribuir com a criançada linda de Fortalezinha.

Mas, alguns parceiros institucionais também souberam da campanha e resolveram participar. Foi o caso do Instituto Callis de São Paulo, do Instituto Itaú Social, da galera do Zona Cultural de Belém, do Boi Vagalume da Marambaia de Belém, que se juntaram às inúmeras doações feitas, de coração, por diversas pessoas especiais.


Vencida a fase de arrecadação de livros, era chegada a hora de juntar e formar, conjuntamente com a comunidade de Fortalezinha, a Trupe Cultura Viva de Voluntários e correr atrás dos apoios necessários para viabilizar transporte e alimentação para os integrantes da Trupe. Daí que o coordenador do Espaço Tio Milico, Manoel Preto, foi em busca de parceria junto à Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Pará, mais especificamente, à Gerência da APA Algodoal-Maiandeua, por meio da gerente Adriana Maués, para solicitar o transporte, o qual foi pronta e entusiasticamente atendido. Então que, este ônibus aí da foto, adquirido com recursos de compensação ambiental e com destinação própria para apoiar trabalhos de educação ambiental da Secretaria, foi-nos ofertado para levar os arte-educadores da Barca das Letras até o fim da estrada, que começou de asfalto em Belém e terminou de terra(e com bastante buracos), na Comunidade do Quarenta de Mocooca, no município de Maracanã... Tempo aproximado da nossa viagem até este ponto: 4 horas.






Então assim, após carregarmos toda a bagagem cultural de dentro do ônibus para o porto aí à frente da comunidade do 40 de Mocooca, pegamos um barco(rabeta) para atravessar do continente até a ilha de Maiandeua. Aí fomos contemplando, celebrando, alegrando-nos, integrando-nos à bela paisagem que se afigurava naquele final de tarde ensolarada e salgadamente ventosa.. bem à nossa frente...




 



Já do outro lado, agora na Ilha de Maiandeua, que é composta por outras duas comunidades além de Fortalezinha (Mocooca e Camboinha),  locamos uma carroça para levar parte de nossa bagagem, sendo que os voluntários seguiram caminhando por dois quilômetros, contemplando a natureza viva e linda da preservada Ilha de Maiandeua, o modo de vida tradicional de seus  moradores, as flores pelo caminho, as crianças a brincar e conversar pelas ruas, a consciência ecológica estampada em algumas casas ou na prática artesanal de alguns moradores e nos meios de transporte para o deslocamento dentro da ilha.... 


 







E alguns minutos depois de caminhada, chegamos à casa de nossos anfitriões locais:
Preto, Dona Darci e S. Manoel
Foram essas três pessoas maravilhosas as responsáveis por cuidar, acolher amorosamente, alimentar, compartilhar saberes tradicionais e guiar todos os voluntários da Trupe Cultura Viva: o músico de carimbó, educador popular e Coordenador do Espaço Tio Milico, o Preto; a mãezona Dona Darci e o Mestre Manoel do Carimbó, que é filho do Tio Milico, que foi quem ensinou a eles a "pedagogia do quinhão", que é, basicamente, dar a cada um a sua cota no todo, para que ninguém, ao final, fique sem nada... é compartilhar, socializar... ouvindo o Preto falar, me explicar a pedagogia do quinhão lembrei-me daqueles dizeres: "um por todos, todos por um"... e como disse o Preto, é bem isso que a Barca das Letras(também) faz, pratica... e eu concordei com ele, claro.... feliz pela constatação de que fazemos na Barca o que já é feito no Espaço Cidadão Tio Milico...

Bom, logo na nossa chegada, por volta das 17 horas de sábado, a Dona Darci já nos esperava com um sorriso no rosto e uma deliciosa caranguejada e peixada, carinhosamente preparada durante o dia... tudo pescado na maré do dia, no marzão logo ali em frente da sua casa. E olha, ninguém perdeu tempo, enchemos os pratos e barrigas... hummm delícia!!!





Enquanto isso, a notícia da chegada da Barca das Letras começou a correr a comunidade e logo, logo,  a criançada começou a chegar no Espaço Cidadão Tio Milico. E aí, com a presença dos protagonistas principais, a festa literária começou...















Durante os dois dias de brincadeira e de incentivo à leitura podemos dizer que na Barca das Letras em Fortalezinha rolou de tudo um pouco de cultura.Vamos então falar um pouquinho de cada artividade:


Houve distribuição de centenas de livros(infantil, literatura, temática ambiental, de artes, gibis, revistas, didáticos) para todas as crianças que compareceram, desde as de colo até as de 88 anos de idade!!! Foram, em média, 10 livros para cada um. A orientação deixada é que depois de lidos, os livros devem ser trocados entre os leitores e, por fim, doados à Cascoteca (biblioteca numa canoa) do Espaço Cidadão Tio Milico para que outros possam ler o livro e o conhecimento consiga, assim, circular pelo maior número de moradores possíveis... Assim, um verdadeiro mutirão de amor à leitura estará sempre em movimento na comunidade, ao som de muito carimbó da Ilha de Maiandeua, nosso patrimônio cultural!!!








Os  Palhaços Ribeirinhos estiveram presentes na Barca das Letras!! Com muita alegria, na medida das necessidades especiais de cada um, como à da dona Maria e o Marcos aí em cima que, ainda que surdos, protagonizaram uma bela e divertida história de vida a todos os demais participantes...




Ah, também rolou exposição das fotos das comunidades já visitadas pela Barca das Letras, e também fotos que são postadas aqui no face,  levando assim um pouco do conteúdo da internet às crianças da comunidade que não têm acesso à rede mundial...  Também tivemos a exposição de fotos tiradas na Ilha de Maiandeua pela Gerência da APA Alagodoal-Maiandeua. No final, cada um levou uma foto à sua escolha pra casa...









Outra artividade que a criançada gostou muito foi a nossa art@reciclagem, onde trabalhamos a sensibilização para a importância de jogar o lixo na lixeira, por gentileza!!! O Leo é o cantador do grupo mirim de Carimbó Tio Milico, e prestigiou a brincadeira, deixando sua contribuição com sua arte-mensagem, com sua alegria, enfim, com sua ecosensibilidade:



Já esta arte aí embaixo demonstra o estado de espírito dos leitores presentes na Barca das Letras, lá na Comunidade Fortalezinha(Ilha de Maiandeua/PA). Foi feita conjuntamente pelo jovem Ronivon e pelo dançador de carimbó e um dos coordenadores da campanha Carimbó Patrimônio Cultural Brasileiro - Nós Queremos, o Nivaldo Coelho. Pura arte-educação ambiental:







E a mulecada linda da comunidade Fortalezinha da Ilha de Maiandeua veio prestigiar a sessão da tarde e da noite no cineminha da Barca das Letras. É mais ou menos assim que funciona: pela manhã incentivamos a leitura de gibis da Turma da Mônica. Mais tarde, passamos os desenhos animados da Turma da Mônica. E todo mundo se diverte duplamente, com a leitura animada!!!



Ah, e a contação de histórias na Barca das Letras foi por conta da atriz Marta Ferreira e sua filha Eloá, além é claro das nossas amadas crianças da comunidade Fortalezinha, Ilha de Maiandeua(PA)!!! Todos compartilharam suas leituras uns com os outros, numa troca de saberes, de dizeres, de sentires orais e literários...




















Outra ação muita especial foram as diversas rodas de carimbó, proporcionadas pelos moradores de Fortalezinha aos leitores da Barca das Letras, a cargo dos nossos Mestres Roque, Moacir, Manoel e Manoel Preto e das crianças do Grupo Mirim do Tio Milico, durante a Barca das Letras...  E todos ali, com seus cantos e encantos, a nos lembrar da importância de apoiarmos a a campanha para tornar o carimbó um patrimônio cultural brasileiro!!! Afinal, todos nós queremos e a criançada engrandece!!!









Pela primeira vez rolou uma vivência de libras na Barca das Letras. Compartilhada pela professora Hilma Lucia de Belém, que ficou surpresa com a quantidade de surdos na comunidade Fortalezinha, na ILha de Maiandeua. Disseram-nos mais de dezesseis, de adultos a crianças, mas todos alegremente integrados na vida da comunidade, com seu jeito próprio de comunicar-se, em sua língua de sinais... todos participaram bastante da Barca das Letras, juntos e misturados aos ouvintes, aos falantes... maravilhosamente incluídos!!!






E no final da Barca das Letras na Comunidade Fortalezinha, rolou um belo sarau poético com Claudio Cardoso, mestres do carimbó e demais participantes... todos a recitar as belezas da vida, da arte do nosso encontro e do amor à leitura viva!!!







Depois disso, restou à Trupe Cultura Viva de voluntários e amantes da leitura um fraterno abraço, já desejando em breve retornar ao convívio das crianças, jovens, adultos da Comunidade Fortalezinha, na Ilha de Mainadeua, Pará. 

Jonas Banhos, Marta Ferreira, Claudio Cardoso, Nivaldo Coelho e Manoel Preto, 

Ah, mas vamos ouvir o Preto para saber o que ele achou da vivência da Barca das Letras em Fortalezinha, pela primeira vez. Diga lá mano Preto:






E assim foi mais uma Barca das Letras pelas comunidades tradicionais da NossaCasa Amazônia, cheia de alegrias, leituras, partilhas de saberes e afetos mils... e sempre em busca de um mundo melhor pra todos nós!!!



Té a próxima gentes!!!

Grato por tudo!!!!
abraços fraternos.


Jonas Banhos (face)
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